Aluísio Carvão - ARTSAMPA 22


fotos das obras: Jaime Acioli
foto do artista: José Paulo Gandra Martins

No final dos anos 1950 a relação entre espaço-cor-expressão em Carvão vai amadurecendo na direção da libertação da cor, da espacialização da cor. Da fase do Claro-Vermelho para a fase das Cromáticas, a linha vai se condensando em cor, que por sua vez vai se materializando, ganhando textura e espessura. Na verdade, o que essa cor vai ganhando é uma temporalidade própria, que fica trabalhando indefinidamente entre o tom e a forma.

As Cromáticas de Carvão são o que há de mais intenso, essencial, na pesquisa de um “tempo interior” da cor. Ela fica germinando na tela, impondo lentamente o seu ritmo, que se dissemina entre o informe e a forma, entre o claro e o escuro. É uma cor, segundo Pedrosa, “fabricada de luz e de química nas cumbucas de alquimista do pintor”

Podemos afirmar, sem maiores hesitações, que sem o Cubo-cor de Carvão não haveria os bólides de Oiticica. O diálogo destes dois artistas - Aluisio Carvão e Hélio Oiticica - é riquíssimo e fundamental para a experimentação com a cor na pintura brasileira.

Luiz Camillo Osorio - "The Adventure of Color in Brazilian
Art: Aluísio Carvão, Hélio Oiticica, and Roberto Burle Marx."
Publicado em Purity is a Myth - Getty Research Institute - 2021